domingo, 18 de dezembro de 2011

Modelos: prevenção e promoção de saúde

A união de ações que propõem evitar a doença na população extraindo os fatores causais é denominada prevenção primária, ou seja,modelo preventivo, cujo objetivo dispõe a promoção de saúde e assistência especifica.Já o modelo de promoção de saúde é composto por práticas,plano, ações, estratégias, formas de intervenções e instrumentos metodológicos. A promoção de saúde supõe uma percepção que não abrevie a saúde à ausência de doença, mas que seja capaz de atuar sobre seus determinantes.
Assim torna-se necessário a prevenção e promoção de saúde a toda sociedade no intuito de proporcionar melhor desempenho físico, psicológico e social.


Ana Paula Conceição
Fisioterapeuta

Interface - Promoção de saúde: concepções, princípios e operacionalização. SÍCOLI, J. L., NASCIMENTO, P. R. Health promotion: concepts, principles and practice, Interface - Comunic, Saúde, Educ, v.7, n.12, p.91-112, 2003.


segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

CONTRBUIÇÕES DO MODELO BIOPSICOSSOCIAL DA OMS - A CIF


Trazemos à exposição aspectos relacionados ao modelo Biopsisossocial proposto pela OMS na CIF - Classificação de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (OMS, 2003).
Segundo Costa  (2006), o foco na construção dos indicadores de saúde se deslocou da mortalidade para a morbidade e mais recentemente para as consequências das doenças crônicas.  Com o estabelecimento de uma maior sobrevida das pessoas, o foco de algumas profissões de saúde tem ultrapassado a doença em si e centrado os processos de atenção nos impactos das doenças na funcionalidade e incapacidade humanas.
A compreensão do processo de incapacitação possui uma história permeada por uma longa leva de discussões e publicações que vem desde Nagi (1965), perpassando pela ICIDH (OMS, 1980) e a ICIDH (OMS, 1999). Em todas estas o objetivo comum é o de compreender e modelar o processo saúde – doença – incapacidade. Nestes três modelos anteriores à CIF as explicações estão baseadas em relações lineares, que não conseguiram explicitar de forma completa a complexidade do processo.
Além deste fator (linearidade x complexidade), uma outra divergência permeia esse histórico: o modelo biomédico versus o modelo social O modelo biomédico tem origem na profissão médica e reflete o interesse na deficiência, doença ou "anormalidade" corporal e na maneira como isso produz algum grau de incapacidade ou limitação funcional. Por outro lado, a sociologia sugere que o significado de deficiência e de incapacidade emerge de contextos sociais e culturais específicos.  (Sampaio e Luz, 2009)
Neste contexto a CIF surge como uma alternativa de solução para os dois embates. Ao propor a integração e possibilidade de ação conjunta de fatores biológicos e sociais e ao apresentar uma estrutura modelar multifatorial e multidimensional, o modelo biopsicossocial proposto pela OMS integra as dimensões de saúde.
Segundo Farias e Buchalla (2005) os conceitos apresentados na classificação introduzem um novo paradigma para pensar e trabalhar a deficiência e a incapacidade: elas não são apenas uma conseqüência das condições de saúde/doença, mas são determinadas também pelo contexto do meio ambiente físico e social, pelas diferentes percepções culturais e atitudes em relação à deficiência, pela disponibilidade de serviços e de legislação. 
O modelo é mostrado na figura abaixo.


Com base na abordagem da CIF, este pequeno comentário sugere a investigação no sentido do estabelecimento de modelos multidirecionais para a compreensão do processo saúde – doença – cuidado

João Paulo Vieira
Fisioterapeuta





 REFERÊNCIAS:
FCosta JLA. Metodologias e indicadores para avaliação da capacidade funcional: análise preliminar do Suplemento Saúde da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD, Brasil, 2003. Ciênc Saúde Coletiva 2006; 11:927-40.

Farias N e  Buchalla CM. A classificação internacional de funcionalidade, incapacidade e saúde da organização mundial da saúde: conceitos, usos e perspectivas. Rev. bras. epidemiol.. 2005, vol.8, n.2

Nagi SZ. Some conceptual issues in disability and rehabilitation. In: Sussman MB, editor. Sociology and rehabilitation. Washington, D.C.: American Sociological Association; 1965.
Organização Mundial da Saúde. Classificação internacional de funcionalidade, incapacidade e saúde. São Paulo: Edusp; 2003.
Organização Mundial de Saúde. Icidh-2: Internacional classification of functioning and disability. Genebra: Organização Mundial de Saúde; 1999.
Organização Mundial de Saúde. International classification of impairments, disabilities and handicaps: a manual of classification relating to the consequences of disease. In: Saúde OMD. Genebra; 1980.
Sampaio RF e  Luz MT. Funcionalidade e incapacidade humana: explorando o escopo da classificação internacional da Organização Mundial da Saúde. Cad. Saúde Pública. 2009, vol.25, n.3

domingo, 11 de dezembro de 2011

Sobre como a cultura pode interferir nas práticas e processos de cuidado-saúde-doença

Inicio esta discussão com base no texto 'A RELEVÂNCIA DA CULTURA NO CUIDADO ÀS FAMÍLIAS'. Neste texto, as autoras enfatizam a necessidade que se impõe aos profissionais de saúde em ter conhecimento da cultura do outro, e neste caso, da família, tendo em vista a estratégia Programa de Saúde da Família, que deve entender o indivíduo em sua singularidade, mas deve também considerar sua rede de relações, contextualizá-lo. A família é entendida como uma instituição social – leia-se uma
construção – em resposta às necessidades sociais, servindo de intermediária entre indivíduo e sociedade: “A tradição cultural é transmitida pela família através de seus ritos e mitos, com seus
significados e significantes, construindo sua história particular, marcando os vínculos afetivos e sociais, estruturando o universo psicológico de seus membros.”
As autoras abordam a Teoria do Cuidado Cultural, de Madeleine Leininger (1991), que alguns anos depois passou a ser denominada Teoria da Diversidade e Universalidade do cuidado cultural, a qual entende que, embora o cuidado e a saúde estejam presentes nas diversas culturas, o primeiro se apresenta de forma diversificada de acordo com valores, crenças, significados e mitos de cada comunidade. Assim, é importante que os profissionais de saúde considerem que as famílias têm seus próprios significados e suas práticas de cuidar que são originados sem seu contexto sócio-cultural, ou seja, a família forma um modelo explicativo de saúde-doença. Em síntese, o artigo mostra a importância
em considerar que a família é responsável por transmitir a cultura, incluindo aí os cuidados com a saúde e o próprio entendimento e práticas acerca do complexo saúde-doença-cuidado, e que portanto, o
profissional de saúde não deve se reconhecer como o único elemento capaz de construir o processo de cuidado.
Magali Pinto
Med. Veterinária
(RATTI, A.; PEREIRA, M.T.F.; CENTA, M.L. A relevância da cultura no cuidado às famílias. Fam. Saúde Desenv., v.7, n.1, p.60-68, 2005.)

Ainda sobre as iniqüidades de saúde

O artigo de BUSS e PELEGRINI FILHO (2007) apresenta conceitos de determinantes sociais em saúde (DSS) e a evolução histórica do seu estudo no processo saúde-doença, bem como alguns desafios e perspectivas e possibilidades de intervenções a partir de análises baseadas nos DSS; dito de outra maneira, propõe que intervenções sejam baseadas na análise dos DSS. De modo similar, o capítulo discutido neste blog pretende provocar o debate teórico-epistemológico como uma estratégia de interferência no complexo saúde-doença-cuidado, indo além da compreensão e origem das desigualdades, adicionando à questão da determinação da saúde os importantes temas da
‘produção’ das práticas, ‘construção’ das instituições e da ‘invenção’ dos sentidos da saúde. A definição de DSS formulada pela CNDSS e as diversas abordagens para estudar os mecanismos por meio dos quais os DSS provocam as iniqüidades de saúde podem nos apontar um caminho para melhor compreendermos as categorias particulares de processos determinantes propostas no referido capítulo.
Particularmente o pensamento de Virchow apresentado – para quem o termo “saúde pública” expressava o caráter político e, portanto sua prática corresponderia à intervenção na vida política e social – pode nos ajudar a pensar a ‘construção’ política das instituições de saúde, ‘produção’ cultural das práticas de saúde, ‘invenção’ simbólica dos sentidos da saúde; ‘determinação’ social da situação e das condições de saúde.
Magali Pinto
Med. Veterinária

(BUSS, P. M. e PELLEGRINI FILHO, A. A saúde e seus determinantes sociais. PHYSIS, n. 17, v.1, p.77-93, 2007)

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Dimensões de saúde-doença

                                                               Mônica Sacramento

Para combater as iniqüidades de saúde, devemos conhecer melhor as condições de vida e trabalho dos diversos grupos da população. Precisamos, ainda, conhecer as relações dessas condições de vida e trabalho, por um lado, com determinantes mais gerais da sociedade e, por outro, com determinantes mais específicos próprios dos indivíduos que compõem esses grupos.
Devemos também definir, implementar e avaliar políticas e programas que pretendem interferir nessas determinações. Por fim, devemos fazer com que a sociedade se conscientize do grave problema que as iniqüidades de saúde representam, não somente para os mais desfavorecidos, como também para a sociedade em seu conjunto, buscando com isso conseguir o apoio político necessário à implementação de intervenções.

“Dimensões determinantes da Saúde – Doença – Cuidado”

            

Os fenômenos de saúde-doença-cuidado estão presentes no cotidiano social, de onde emergem saberes e práticas diversas em um processo historicamente situado de produção e reprodução de conhecimentos no campo da Saúde. 
Como resultado da sistematização de um marco conceitual diferenciador de distintas categorias de determinação, os autores propõem referenciar os diversos processos e vetores de desigualdades sobre saúde-doença-cuidado por categorias particulares de processos determinantes, quais sejam:
1.    ‘causação’ biológica de processos patológicos individuais;
2.    ‘determinação’ social da situação e das condições de saúde;
3.    ‘produção’ cultural das práticas de saúde;
4.    ‘construção’ política das instituições de saúde;
5.    ‘invenção’ simbólica dos sentidos da saúde.
Sinalizam a importância em compreender as raízes e origens das desigualdades, adicionando à questão da determinação da saúde os importantes temas da ‘produção’ das práticas, ‘construção’ das instituições e da ‘invenção’ dos sentidos da saúde, termos cujo diferencial semântico sugerido corresponde, “numa perspectiva epistemológica mais consistente, a diferentes planos de realidade e distintos efeitos da estrutura de desigualdades que, no cotidiano das sociedades contemporâneas, tornam-se permanente fonte de injustiças e iniqüidades.” É sobre essas categorias particulares que pretendemos discutir. 

  Magali Pinto
  Med. Veterinária